A ação se passa no início dos anos 50, em uma fazenda cafeeira da Serra da Mantiqueira, de nome Paiol Velho. Tonico, administrador da fazenda, e sua esposa Lina mantém um casamento conturbado, sem amor. Lina é mais nova que Tonico e a união dos dois foi arrumada pelo falecido proprietário da fazenda, com quem ela teve um caso. A relação do casal é extremamente conflituosa, repleta de violência verbal e física. No entanto, Lina é uma esposa que busca, a seu modo e dentro de suas possibilidades, reagir contra a opressão de seu marido. Numa manhã, eles são avisados que os donos da fazenda, Mariana e seu filho João Carlos, há anos residindo na capital, estão chegando. O motivo da visita inesperada consiste na desconfiança de que Tonico esteja desviando parte do lucro obtido com a venda das safras da fazenda para si – o que é verdade. Tonico considera ter direitos de dono sobre a fazenda, por tê-la administrado durante muitos anos, enquanto os verdadeiros donos se aproveitavam dos lucros em vida luxuosa na cidade. Mariana convence João Carlos a permanecer na fazenda e aprender a administrá-la, a fim de tentar extrair o maior lucro possível das terras. No entanto, o rapaz se entrega às jogatinas na vila próxima, torna-se amante de Lina e faz aumentar ainda mais as dívidas da fazenda. Isso abre caminho para que Tonico se aproxime cada vez mais em concretizar seu sonho de tornar-se proprietário da Paiol Velho. Além de criticar as relações de poder e machismo, a peça aborda as dinâmicas sociais entre a sociedade rural e urbana. O dramaturgo Abílio Pereira de Almeida destacou-se pela qualidade de sua obra e pela relevância que teve para o teatro e o cinema brasileiro, especialmente em São Paulo, entre as décadas de 1940 e 1960. Foi o autor nacional mais encenado pelo Teatro Brasileiro de Comédia (TBC). PAIOL VELHO foi encenada pela primeira vez em 1951 no TBC, sob a direção de Ziembinski, com aclamada atuação de Cacilda Becker. Abílio Pereira de Almeida morreu em meio à mágoa de ver seu nome omitido das reportagens sobre teatro e cinema. Um mês antes de seu suicídio, ele 2 lamentou o silêncio em relação a si e suas obras: “Sou um escritor superado, velho e pobre, a quem a gente nova chama de mestre, o que já é um consolo.”